não amo ninguém
tenho um coração de pedra
os olhos secos
feito ar do sertão
a única coisa que tenho
é uma coqueluche suburbana
quem vê, não da mais que 3 dias
mas já há mais de um ano que a cultivo
a base de pão, café e miúdo
e assim se passa cada dia
de feira em feira
de rua em rua
não gosto de ninguém
meu rim já não presta
meu nariz está em sangue
como um cálice de campari
agora tenho um cachorro
que me segues há esperar meu dia
e apesar de saber
que queres me ver morrer
não lhe quero mal...
não lhe quero coisa alguma
apenas o deixo me seguir
como se ele não existisse
não sinto mais nada
corpo putrefado
mente desconexa
não tenho mais cachorro
não tenho nem pensamento
o miúdo não veio
o pão não se alcança
do café nem o cheiro
da calçada veio a fama
capa do jornal dizia
morre sentado com a mão ao queixo
feito um Rodin.
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