quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O Ermo da Esperança

   Entre descontextos de fábulas infantis,
   descobri que o mundo é dos gigantes.
   O dantesco lava a alma e sucumbe os infernos ali construídos.
   O ermo dos desvalidos é tão grande que sequer se pode imaginar.
   O mundo não tem graça,
   e o ser humano é demasiadamente cruel
   suficientemente egoísta para desdenhar de tudo,
   e calcar os planos mais malígnos.
   só lhes falta coragem
   e é sua falta que impede uma carnificina total.

   O medo é o pai do homem.
   É o que corrompe as mentes
   para que a humanidade não se desintegre em si mesma.
   o medo do mais forte,
   o medo do mais sábio,
   o medo da morte,
   o medo do operário,
   o medo dos poderosos,
   o medo dos maltratados.
   Medo no inconsciente coletivo imundo que apodrece nas hipófises dos glossários.

   O retrato é três por quatro
   mas a mentira é infinita.
   Já não posso mais viver com tanta injustiça.
   Não quero morrer de fome.
   Não quero ser artista.
   Não sou mais que um poema.
   Não sou mais que uma alma aflita.
   Como uma novena que se cansou de ser lida.
   Trago um verso de amargura,
   destroçado em vozes nítidas:

   Salve o pobre, o maltrapilho,
   morra a guerra e as aventuras,
   corra a noite dos seus bandidos
   que afloram em sua mente escura.
   Faça uma prece pague um castigo
   jure a deus que vos ama
   minta à sorte que tens um rito,
   amar a dor e colher esperança
   que um dia ao norte terás abrigo,
   um pé de flor e uma vida mansa.

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